O Senado fez nesta segunda-feira (14) uma sessão especial para marcar o Dia Mundial do Rim, celebrado neste ano em 10 de março. A sessão, pedida pela senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), foi presidida pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS).
Na abertura, Nelsinho, que é médico, ressaltou que o poder público e a sociedade precisam focar mais em políticas e atitudes que previnam as doenças renais. Entre essas ações, estão campanhas de conscientização, investimento em diagnóstico e tratamento precoce e, por parte das população, mais cuidado com a alimentação, controle no consumo de bebidas alcoólicas e adoção de atividade física regular. Tudo para evitar que o cidadão precise de hemodiálise ou outros tratamentos exigidos em casos graves. O senador ainda lembrou que pesquisas indicam que o rim pode ser fortemente afetado em casos de pacientes que pegaram a covid-19.
— Desafogar o SUS neste momento vai ao encontro da necessidade de aliviar a sobrecarga introduzida no atendimento do paciente com problemas nos rins em decorrência da covid. Pesquisas têm revelado as sequelas da covid-19, particularmente severas no caso de pacientes que sofreram a forma mais grave da doença. Os rins aparecem em segundo lugar entre os órgãos mais afetados. Nessa última onda da covid, a imprensa noticiou a carência de leitos de UTI com suporte à diálise. Seguramente a demanda da área médica alterou-se — alertou Trad.
A senadora Zenaide Maia (Pros-RN), que também é médica, acrescentou que diabéticos e hipertensos precisam priorizar os cuidados com os rins, visando evitar a necessidade da hemodiálise.
— É de importância fundamental as pessoas saberem que, se estão diabéticas ou hipertensas, após diagnosticadas, têm que estar presentes nas suas unidades de saúde fazendo esse controle da função renal, de seu filtro (porque sempre é uma doença grave, desgastante), fazendo de tudo para não chegar à hemodiálise. O Brasil é o terceiro país que mais faz transplante de rim no mundo — informou Zenaide.
Representantes de associações médicas e de pacientes renais também participaram da audiência. Emocionada, a presidente da Federação Nacional de Pacientes e Transplantados Renais (Fenapar), Maria de Lourdes Alves, alertou sobre a perda na qualidade de vida que doenças graves nos rins trazem às pessoas.
— Confesso que quando entrei pela primeira vez numa clínica de hemodiálise, com aqueles longos corredores, foi como se eu estivesse entrando no corredor da morte... A diálise realmente é um choque para a pessoa, sua vida será para sempre completamente diferente. A doença renal traz severos impactos na qualidade de vida. No estágio mais avançado, pode incluir tonturas, cansaço, fadiga extrema. Além dos sintomas, temos o fardo financeiro, experimentado tanto por pacientes quanto por cuidadores. Muitas vezes temos que diminuir as horas de trabalho ou nos retirarmos totalmente da carreira. Há aumento de despesas com transporte para tratamentos e consultas, e para aprender a se ajustar às novas necessidades alimentares. Na última pesquisa da Fenapar, 56% dos pacientes disseram que o impacto na qualidade de vida é extremo — relatou.
Presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Osvaldo Merege Vieira Neto indicou os impactos que as doenças renais já causam na sociedade.
— Estudos estimam que 10% da população apresenta doença renal crônica, desde seus estágios mais iniciais até os mais avançados, em que é necessária a hemodiálise. No Brasil temos cerca de 20 milhões de pessoas com doença renal crônica, na sua grande maioria invisíveis ao sistema de saúde e até para eles mesmos. Segundo o censo da SBN de 2021, no Brasil temos 148.363 pessoas em programas de diálise, com aumento progressivo desse contingente a cada ano — disse Merege.