Uma das maiores e mais tradicionais manifestações religiosas do Brasil, o Círio de Nazaré deve atrair cerca de 50 mil turistas de outros estados à capital do Pará, Belém, ao longo do mês de outubro. A estimativa é da secretaria estadual de Turismo (Setur) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), que prevêem que só a presença destes fiéis na cidade movimentará em torno de US$ 19,1 milhões (cerca de R$ 98,3 milhões).
A expectativa não inclui turistas provenientes de outras cidades do Pará, mas, se confirmada, significará uma movimentação inferior à de anos anteriores, quando em torno de 80 mil pessoas vindas de outros estados chegaram a Belém para o evento dedicado a celebrar Nossa Senhora de Nazaré.
“Não só a estimativa de público geral, mas principalmente a de turistas, leva em conta uma série de fatores que impactam a decisão das pessoas. Para quem vem de outros estados, há, por exemplo, a questão dos custos de viagem. Em apenas 12 meses, o preço das passagens quase dobrou devido à conjuntura. Os custos de hospedagem e alimentação também subiram”, explicou o supervisor técnico do Dieese/PA, Roberto de Sena Bentes, à Agência Brasil.
Em anos pré-pandemia, o evento chegou a reunir mais de 2 milhões de pessoas, entre moradores da capital, de outros municípios paraenses, de outros estados e estrangeiros.
Devido à covid-19, em 2020 os fiéis não puderam acompanhar presencialmente às procissões , que foram transmitidas virtualmente. Já em 2021, com o avanço da vacinação, o público começou a retornar gradualmente , mas ainda ficou muito aquém do habitual, reunindo pouco mais de 400 mil pessoas.
A missa de abertura oficial do Círio deste ano ocorrerá no dia 4 de setembro, mas alguns eventos e atrações começam antes, como o tradicional Arraial de Nazaré, cuja estrutura começou a ser montada hoje (10), no estacionamento da Basílica Santuário de Nazaré, e que será aberto ao público já no próximo dia 23, com 87 barracas e um parque de diversões.
Além da expectativa quanto ao número de turistas vindos de outras unidades federativas, a pesquisa realizada pela Setur e pelo Dieese/PA traçam um perfil dos visitantes. Quase a metade (47%) deles se hospedará em hotéis e 30% na casa de parentes. Em seguida vem casa de amigos (16,5%); casa alugada (2,7%), casa própria (1,6%); flat (0,55%) e outros.
Cinquenta e sete por cento destes turistas viajarão com a família; 25% sozinhos e 17,6% em grupo. O meio de transporte mais utilizado por quem sai de outros estados é o avião (79%), segundo de ônibus de empresas de transporte rodoviário (11,5%); automóvel particular (5,8%) e outros.
A maior parte destes turistas é de São Paulo (12,7%). Em seguida vem o Maranhão (12%); o Ceará (11,6%); Rio de Janeiro (8%); Amazonas (6,5%); Amapá (5%); Rio Grande do Sul (4%); Pernambuco (4%) e outros.
Quatro em cada dez destes turistas voltarão a seus estados em menos de cinco dias. Outros 41% destas pessoas devem permanecer entre cinco e nove dias em Belém; 8,4% planejam ficar entre dez e 14 dias na capital paranaense; 3%, de 15 a 19 dias e 7,6% mais de 19 dias.
A pesquisa também identifica os locais turísticos que os turistas planejam visitar duranta sua estada. Além de obviamente passarem pela Basílica de Nazaré, 24% dos viajantes pretendem conhecer a Estação das Docas; 23% querem ir ao Mercado Ver-o-Peso; 7%, o Mangal das Garças. Outros pontos turísticos citados são o Portal da Amazônia (6%); o Museu Emílio Goeldi (2%); o Museu de Arte Sacra (2%) e o Polo Joalheiro (2%).
De acordo com Bentes, o mapeamento dos locais turísticos é importante por permitir aos órgãos públicos preparar adequadamente o receptivo turístico, equacionando serviços como, por exemplo, a segurança pública.