Em breve, crianças com deficiência visual, auditiva e intelectual de todo o estado vão compartilhar a oportunidade de participar do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), ministrado no país pela Polícia Militar em escolas da rede pública de ensino.
Com 25 anos de existência, o programa internacional e presente em 58 países acaba de ganhar versão inclusiva em Minas Gerais, graças à parceria entre o Instituto São Rafael, escola estadual especializada no ensino para deficientes visuais, e a PMMG .
"Busquei trazer o Proerd para o instituto e tive a felicidade de conhecer o tenente Carlos Alberto do Nascimento, coordenador do programa no 1º Batalhão de Polícia Militar de Belo Horizonte. Dessa conversa recebemos autorização para adaptar e transcrever o material da cartilha para o Braille e introduzir o curso nas nossas turmas de quinto e sétimo ano. A primeira formatura foi no segundo semestre de 2022", conta a professora e diretora do São Rafael, Juliany de Fátima Sena Reis do Amaral.
Aprendizado
Professora e o tenente mal sabiam que aquela iniciativa iria romper os muros da escola. "A ideia deu tão certo e foi tão importante para o aprendizado de vida dos alunos que, na formatura, a PMMG teve a ideia de expandir o acesso do Proerd para crianças com baixa visão e outras deficiências de todo o estado".
Em casa, os pais dos formandos já relatam mudanças de comportamento a partir dos ensinamentos focados em prevenção ao abuso de drogas, violência, educação em convivência social, autonomia, maturidade. "Mães relatam que os filhos ficaram mais atentos, desenvolveram autocuidado em relação a estranhos, tomada de decisões e mais segurança para as atividades do dia a dia".
Autonomia
Coordenador do Proerd na região Central de BH, área em que ficam localizados o Instituto São Rafael e a Escola Estadual Francisco Salles, especializada em deficientes auditivos, o tenente Carlos Alberto do Nascimento reforça que ampliar o acesso ao Proerd para crianças e adolescentes com deficiências é trabalhar para possibilitar autonomia dessa parcela da população e melhorar as formas de inclusão em toda a sociedade. "Nossa ideia é ampliar, aprender, adequar. Levar não só o Proerd mas todo o tipo de inclusão possível para a comunidade".
Depois de ver a ideia inclusiva transpor os muros da escola e da cidade, a diretora Juliany sonha mais alto. "A sensação de contribuir para um ensinamento que vai durar para a vida toda e ajudar cada vez mais crianças é o maior presente. Crer que as crianças de baixa visão, maior público entre os deficientes visuais, também terão acesso ao Proerd e quem sabe a outras oportunidades gera uma gratificação enorme".