Miguel Abreu Azevedo, um anjo de 2 anos com síndrome de Down, foi diagnosticado com um câncer raro chamado Leucemia Mileóide Aguda Basofílica; uma doença rara e agressiva, nunca registrada no Brasil e em outros países, como os Estados Unidos.
De acordo com a mãe Rosana Abreu Azevedo, após o diagnóstico da doença confirmada, Miguel foi transferido para um centro oncológico pediátrico; o tratamento consistia a princípio em dois meses internado tomando a quimioterapia.
Ainda de acordo com a mãe, o tratamento tira o apetite e a disposição do paciente, mas com o garotinho, foi diferente.
“ Tudo a gente via a mão de Deus, ele estava forte, não deixava de comer, de tomar a mamadeira dele, ele não se abatia”; disse a mãe.
Miguel sempre entusiasmado, mesmo com as barreiras pelo caminho; precisou tomar uma bolsa de sangue pela imunidade que baixou, mas o garotinho era muito forte que até surpreendia os médicos. “ Deus fortalecia ele o tempo todo”.
O pai da criança, Fernando Azevedo, estava trabalhando em Portugal e voltou às pressas para o Brasil para acompanhar o tratamento do filho de perto. A família que morava em Timóteo (MG), ficaram desesperados por conta da inda e vinda de viagens, quando o pequeno guerreiro foi transferido para Ipatinga; mas novamente a mãe relata um milagre de Deus.
“Uma professora da APAE emprestou o apartamento dela em Ipatinga para gente ficar próximos do hospital, em que o Miguel estava realizando o tratamento. Depois de 2 meses que ele ficou internado, ele teve alta, e o ciclo de descanso é de 28 dias, e aí voltava de novo para fazer a quimioterapia novamente”; relata.
Uma notícia preocupante foi dada aos pais na terceira fase da quimioterapia, a doença estava voltando bem mais forte. O menininho teve alta das quimioterapias internadas e iria começar as ambulatoriais; tomar uma injeção no braço e um comprimido e ir embora para casa.
“Miguel era um exemplo, nunca reclamou, sempre alimentando bem, nada o abatia. Ele era forte”; conta a mãe.
O pequeno anjo adorava ver desenhos musicais, fazer carinho nos pais, brincar com os médicos; uma criança muito alegre, apesar de todas as dores. O menino, mesmo com a síndrome de Down sem um acompanhamento específico por conta da sua situação, aprendeu a andar sozinho, a comer, e a ser uma criança calma e carinhosa.
“Ele segurava para não chorar, me ensinou o que é ser determinado, o que é correr atrás de um objetivo. Ele veio com essa missão no mundo, ensinar a gente”; disse a mãe.
Durante o tratamento, os médicos afirmaram que o pequeno guerreiro precisava de um transplante de medula; os pais conseguiram mobilizar as principais cidades do Vale do Aço para ajudar. Com a campanha também, conseguiram doações de sangue para o hospital, que precisava de estoque.
Um ônibus de Ipatinga para Valadares e um do Rio de Janeiro, saíram em ajuda ao garotinho, para se cadastrarem e encontrarem um possível doador; e foi aí que conseguiram um 100% compatível com Miguel.
No dia 25 de maio, o menino foi internado novamente para uma quimioterapia mais forte; no dia 5 de junho o garotinho pegou uma bactéria resistente, que fez um quadro de sépsis, uma doença complexa e potencialmente grave, desencadeada por uma resposta inflamatória sistêmica acentuada diante de uma infecção.
Ele foi transferido para intermediária da UTI no município. Miguel estava mal e além de ter a bactéria, a mãe contou que ele começou a apresentar dificuldades respiratórias no dia 19 de junho e foi diagnosticado com a Covid-19 no dia 21 do mesmo mês.
A mãe ficou sete dias direto na UTI com ele; o pai começou a sentir sintomas da Covid e não poderia ir visitar o filho. Tempo depois, ela também começou a sentir os sintomas; foram quando proibiram de verem o filho; os dois foram para UPA por falta de plano de saúde, e contrataram dois cuidadores para ficar o menino no hospital.
A bactéria alojou no quadril de Miguel, que não mexia mais as pernas; o coronavírus foi para o pulmão, que teve que ser perfurado, e o quadro foi piorando, até que no dia 6 de julho, o médico ligou pedindo a ida dos pais no hospital.
Três enfermeiros, dois médicos, fazendo de tudo para ele sobreviver, e mais a noite, o batimento dele não apresentava direito mais.
“Foi até 23:13 da noite, a hora que ele voltou para casa, voltou para Deus”; relata a mãe chorando.
Rosana conta que o filho deu forças a ela; a criança veio com uma missão, de fortalecer ela.
“Me tornei uma pessoa mais forte. Quando lembro do Miguel guerreiro, que não tinha medo de barreiras, hoje eu me vejo assim! Eu tinha medo, e hoje não faço mais nada disso; a saudade que eu tenho dele é imensa, mas recebo mensagens de pessoas que acompanharam a luta do meu filho pela vida, e eles começaram a chegar mais perto de Deus"; disse.
Rosana ainda acrescentou que o garotinho tornou as pessoas carinhosas e melhores e que recebeu muitos milagres; conseguiram muitas cestas básicas e doações. Além disso, o que restou depois da partida do menino, a família doou para um orfanato.
A mãe deixa um comunicado para todos; “As pessoas não podem parar de jeito nenhum, principalmente de frente com um obstáculo; precisamos confiar em Deus! Precisamos amar o próximo, não sabemos quando o outro vai partir”.
“Pelo meu filho, não posso ficar em uma cama triste! Eu gerei um filho pra Deus; Miguel foi gerado pra Deus e hoje ele está com o pai. Quando eu chegar lá, quero dar um abraço bem apertado no meu filho, porque ele não sabe o quanto ele foi importante!!!”; finaliza.