A partir da próxima semana, mais de 1,5 mil exemplares do Almanaque do Circo, dedicado ao público infantojuvenil, serão distribuídos em bibliotecas comunitárias e instituições localizadas em diferentes regiões do Rio de Janeiro. O livro também estará disponível gratuitamente para leitura online na plataforma Issuu, no perfil da A Coisa Toda Produções.
O evento de lançamento está programado para amanhã (9), às 18h, com um bate-papo ao vivo com a escritora Angela Carneiro e o pesquisador, ator, acrobata e diretor Cláudio Baltar, no canal do YouTube da Estufa de Ideias. Na ocasião, haverá performance dos artistas Cesar Tavares e Julia Schaeffer, que interpretam os palhaços Invólucro e Shei-lá, do grupo Roda de Palhaço.
Com texto de Angela Carneiro, o Almanaque do Circo conta a história do circo no Brasil e no mundo por meio de conversas mantidas pela jovem Felipa com seu bisavô Felisberto, duas personagens de uma família circense fictícia criada pela autora. Ela resgatou memórias da infância, como o palhaço Carequinha, até o circo mais humanizado de hoje, que trabalha sem animais.
“Foi um presente da pandemia. Eu estava em casa quando minha agente ligou falando sobre esse projeto”, disse Angela à Agência Brasil. Esse será o quinquagésimo livro da escritora, que já ganhou vários prêmios ao longo da carreira, entre os quais o Jabuti, em 1993, pelo romance Caixa Postal 1989, livro que até hoje é adotado em escolas. Por essa obra, Angela esteve presente entre os dez autores infantis mais premiados do país.
No livro, Felisberto é um personagem idoso, próximo dos 100 anos de idade, mas totalmente lúcido, e residente na Casa dos Artistas. Sua bisneta Felipa quer ser engenheira, estuda para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), gosta de passear com as amigas, ir ao cinema, namorar, postar selfies nas redes sociais.
Felipa seria uma garota comum, como muitas outras, se não fosse o fato de ter nascido e crescido em um circo. Como muitas famílias circenses que migraram da Europa para o Brasil a partir dos anos de 1830, seus tataravós artistas vieram de Portugal. Depois que o circo da família fechou, Felipa foi morar com seu bisavô Felisberto, a quem ela chama carinhosamente de Bivô. Felisberto foi palhaço, mestre de cerimônias e domador de feras, em um tempo em que havia animais no circo.
Com ilustrações da designer Giulia Buratta, o livro apresenta a trajetória do circo em 18 capítulos. O almanaque traz muitas curiosidades que são destacadas nos boxes ilustrados e batizados como “Você sabia?”. Ali, ficamos sabendo que são muitas as denominações atribuídas ao circo ao longo da história como circo de cavalinhos, circo mambembe, circo-teatro, circo de variedades, circo rodeio, circo americano, entre outras.
Responsável pela pesquisa sobre o circo, o ator Cláudio Baltar, que por 20 anos fez parte da Intrépida Trupe, afirmou que o circo é uma paixão e continua vivo. "O circo vai resistir e se reinventar sempre”, apostou.
Mestre em educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e professora aposentada da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ), Angela Carneiro afirmou que fazer o Almanaque do Circo foi um aprendizado. "Me deu muito prazer em escrever. Eu tenho saudade dessas pessoas [personagens] que fizeram companhia para mim na pandemia”.
O livro mistura informações da tradição oral, baseada na experiência do bisavô Felisberto, com documentos guardados e consulta de livros. A obra mostra ainda como o circo foi um ambiente acolhedor e agregou pessoas que eram isoladas na sociedade, como a mulher barbada.
Entre as bibliotecas comunitárias que receberão o Almanaque do Circo estão Mundo da Lua, Palavras Compartilhadas (Instituto Consuelo Pinheiro), Profª Judith Lacaz, Atelier das Palavras (Associação Meninas e Mulheres do Morro), Elias José (Museu da Maré).
O Almanaque do Circo foi produzido pela A Coisa Toda Produções através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.
Mín. 20° Máx. 26°