Em sessão especial de homenagem aos atletas brasileiros que participaram dos Jogos Olímpicos de Tóquio, senadores defenderam, nesta segunda-feira (23), o aumento dos investimentos nos esportes e o avanço do Programa Nacional de Desporto. Previsto na Lei Pelé (Lei 9.615, de 1998), o PND está parado há 25 anos no governo federal.
No comando da sessão plenária, Leila Barros (Cidadania-DF) apontou que a aprovação do PND, para nortear investimentos e estabelecer uma política pública para o esporte de alto rendimento e para as atividades esportivas de base seria a melhor homenagem que o Congresso poderia fazer ao esporte. Ela lamentou que diferentes governos deixaram de encaminhar a proposta, que de acordo com a Lei Pelé, deve ser uma iniciativa do Executivo.
— O Brasil ressente-se da falta de um projeto amplo, norteador das políticas públicas desse importantíssimo meio de construção da nossa cidadania, não apenas no alto rendimento — que é muito importante, aliás, é um espelho —, mas notadamente na base, na interação com as escolas públicas, como alicerce de uma política pública de saúde e educação de qualidade. O governo federal precisa urgentemente — e eu digo isso, porque o Congresso Nacional está preparado para debater — do Plano Nacional do Desporto, que esperamos desde 1998 — disse Leila, que representou o Brasil como atleta de vôlei em três edições dos jogos olímpicos.
Apesar das restrições orçamentárias enfrentadas nos últimos três anos e das limitações impostas pela pandemia de covid-19, a equipe olímpica brasileira obteve os melhores resultados da história, chegando a 12ª colocação no ranking de medalhas em Tóquio 2020. No total, foram 21 medalhas, sendo 7 de ouro, 6 de prata e 8 de bronze. Para o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), agentes públicos devem aproveitar o entusiasmo com o bom resultado nos jogos encerrados em 8 de agosto deste ano para aprovar uma política de Estado para o deporto. Ele apontou que muitos atletas passam dificuldades e precisam muitas vezes trabalhar em outra atividade para conseguir se manter.
— Muita coisa é na base do jeitinho. Temos que ter uma política de Estado começando nas escolas. Através do esporte você cria disciplina, trabalho em equipe; o esporte é fundamental para a formação do cidadão. Não basta incentivar no período de jogos olímpicos e de copa do mundo, temos que ter uma política duradoura — defendeu Izalci.
Zenaide Maia (PROS-RN), Marcos do Val (Podemos-ES) e Esperidião Amin (PP-SC) também defenderam o fortalecimento de investimentos nos esportes.
— É necessário aumentar o investimento no esporte. Educação e esporte são as principais medidas para prevenir a violência e para melhorar a saúde. O esporte merece mais atenção — disse Zenaide.
Secretário Nacional de Esportes de Alto Rendimento do Brasil, Bruno Souza afirmou que o resultado em Tóquio é fruto de investimentos feitos desde 2007 e apontou que mais recursos são aplicados hoje pelo governo no apoio a atletas. A secretaria é vinculada à Secretaria Especial do Esporte, que integra o Ministério da Cidadania. Ele também pediu que senadores apoiem os esportes com mais emendas parlamentares.
— Estamos entre os dez maiores países do mundo em maior investimento público em esporte em um país. Então, se pegarmos a análise de todos, nós temos, apesar de não sermos mais ministério hoje, mas secretaria, um investimento maior do que o do ciclo olímpico passado. Então, é importante ressaltar que algumas coisas e algumas oportunidades aparecem para algumas pessoas que falam muito e falam dados completamente equivocados. O Bolsa-Atleta bate o seu recorde. É a primeira vez na história que ele tem um orçamento próprio de R$145 milhões anuais. A gente passou o número de 7 mil atletas pela primeira vez na história — disse Souza.
Em resposta, Leila apontou que a secretaria tem um trabalho meritório, mas reforçou que áreas como educação e esporte são alvos frequentes de cortes.
— Reconheço o esforço, mas sabemos que podemos melhorar a questão do investimento — assinalou Leila.
Leila entregou em nome do Senado diplomas a dois atletas que estiveram presentes fisicamente à sessão: Ketleyn Lima Quadros, Judoca brasiliense e medalhista nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008; e Kawan Figueredo Pereira, saltador brasiliense. Os atletas que participaram da homenagem por videoconferência e outros que representaram o Brasil em Tóquio receberão o diploma por outros meios.
Campeã olímpica na maratona aquática, Ana Marcela agradeceu a homenagem e o reconhecimento do Senado e apontou que toda ajuda é bem-vinda.
— Sabemos como é difícil ser esportista em nosso país. A ajuda do governo e de empresas privadas é importante para podermos apenas treinar. Esses jogos olímpicos foram históricos pelo número de medalhas, mulheres fazendo um papel incrível. Acho que deixamos um legado. Temos que manter e continuar nessa pegada — disse Ana Marcela.
O presidente Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley Teixeira disse que a meta é seguir avançando no número de medalhas.
— Esse resultado foi espetacular, mas foi calculado. Para trás, nem para pegar impulso — apontou.
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