Durante reunião da Comissão de Direitos Humanos (CDH) nesta terça-feira (23), senadores lamentaram as oito mortes confirmadas após operação da Polícia Militar em São Gonçalo, município da região metropolitana do Rio de Janeiro, nos últimos dias. Na avaliação dos parlamentares, as mortes são resultado de uma política de Estado ineficiente.
— Infelizmente, nós vivemos num Brasil desigual, em que o Estado criminaliza a pobreza, criminaliza a cor da pele. Claro que todos têm que ser responsabilizados por seus atos, mas passou da hora de o Estado dar garantia à população para que todos tenham uma vida digna, que passe por saúde pública de qualidade, educação, segurança pública de qualidade, saneamento básico, iluminação pública, para que nós não tenhamos aqui que estar presenciando, infelizmente, mais vidas humanas sendo perdidas, porque isso é uma declaração de ineficiência do próprio Estado — afirmou o vice-presidente da CDH, senador Fabiano Contarato (Rede-ES).
A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) afirmou que a ausência do poder público gera um círculo vicioso de mortes.
— O Estado nega às suas crianças e aos seus jovens uma educação pública de qualidade em tempo integral. E esse mesmo Estado termina punindo não só crianças e adolescentes, mas os policiais que estão ali para fazer a defesa da comunidade. Isso ontem foi a prova viva da ausência do Estado naquela comunidade — afirmou.
Paulo Paim (PT-RS) pediu que o colegiado dê todo o apoio à investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro e à Defensoria Pública, que apuram as circunstâncias das mortes.
— É mais um dos casos que surgem praticamente toda semana. Sei que morreram jovens e sei que morreu também policial. Por isso que nós, nesta comissão, nunca ficamos de um lado só: morreu também policial, mas sugiro que a gente desse todo apoio à Defensoria Pública e ao Ministério Público para que acompanhassem esse caso com a importância do que aconteceu e vem acontecendo neste país — disse Paim.
A operação aconteceu no complexo do Salgueiro, conjunto de favelas que fica em São Gonçalo. A ação teria sido uma resposta da polícia à morte de um PM, no sábado (20), na comunidade. Moradores apontam que oito corpos retirados de um manguezal da região apresentavam sinais de tortura.
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