Com 45 votos a favor, 4 contrários e duas abstenções, o Plenário aprovou, nesta terça-feira (30), a indicação de Vivian Loss Sanmartin para exercer o cargo de Embaixadora do Brasil na República da Namíbia. O nome de Vivian Loss Sanmartin já havia sido aprovado pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), em audiência realizada na última quinta-feira (25). A senadora Nilda Gondim (MDB-PB) foi a relatora da indicação (MSF 55/2021).
Vivian Sanmartin ingressou na carreira diplomática em 1993. Entre os diversos cargos ocupados no Ministério de Relações Exteriores, estão a de conselheira da embaixada em Buenos Aires e ministra-conselheira da embaixada do Brasil em Viena. Nesse último posto, foi responsável pelo acompanhamento dos escritórios das Nações Unidas com sede em Viena, da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), da Academia Internacional Anticorrupção (Iaca) e da organização Energia Sustentável para Todos.
Durante sua apresentação na CRE, Vivian Loss Sanmartin destacou que o traço mais emblemático das relações da Namíbia com o Brasil é a cooperação entre as Marinhas dos dois países. Ela relatou que existe um acordo de cooperação naval, o que possibilitou à Namíbia criar sua própria Marinha, em 2004. Segundo a diplomata, mais de mil militares namibianos receberam treinamento e capacitação militar no Brasil, tendo inclusive aprendido a língua portuguesa.
Questionada pela presidente da CRE, Kátia Abreu (PP-TO), sobre o problema de regularização fundiária, com diferenciação entre "terra de brancos e terra de negros”, a diplomata respondeu que existem diferentes status de terras na Namíbia, com a figura de "terra privada" e "terra comunal". Segundo ela, a questão da pobreza é muito mais associada às populações originárias do que às que vieram depois.
Entre os objetivos da gestão de Sanmartin à frente da embaixada, estão a inserção econômica competitiva do Brasil no mercado namibiano e no contexto da África Austral, a promoção da imagem do agronegócio brasileiro e a ampliação da influência do Brasil nos processos de decisão internacionais. Além disso, a embaixadora pretende fortalecer as relações bilaterais com a Namíbia e com os blocos regionais de que o país faz parte, como a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Outro ponto a ser trabalhado é a promoção da cultura brasileira e da língua portuguesa, uma vez que a Namíbia tem estatuto de observador associado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
A República da Namíbia possui cerca de 2,5 milhões de habitantes e está localizada no sudoeste do continente africano, banhada pelo Oceano Atlântico. A maior parte do território namibiano tornou-se um protetorado do Império Alemão, em 1884, tendo permanecido como colônia germânica até o fim da Primeira Guerra Mundial. Em 1920, a Liga das Nações transferiu sua administração para a África do Sul, que impôs suas leis ao novo território, inclusive a política de apartheid, em vigor desde 1948.
Em 1973, em meio ao processo de descolonização no continente africano, a ONU reconheceu o movimento pró-independência South West Africa People’s Organization (Swapo) como representante oficial do povo namibiano. Em 1990, após longa luta contra o governo sul-africano, a Namíbia obteve sua independência.
O Swapo se converteu em um partido político, do qual faz parte hoje o atual presidente do país, Hage Geingob. A independência da Namíbia contou com o apoio do Brasil, que abriu sua embaixada na capital, Windhoek, ainda em 1990.
O intercâmbio entre os países mostra saldo comercial constante em favor do Brasil até 2019. Segundo o Itamaraty, tal tendência se explica, de um lado, pela reduzida diversificação na pauta de exportações namibiana e, de outro, por essas exportações serem orientadas para Europa e China, compradores preferenciais de minérios — sobretudo cobre, diamantes, urânio, zinco e chumbo —, carne bovina e pescados.
Em 2019, a corrente de comércio bilateral foi de US$ 9 milhões, com aumento de 34,3% em relação a 2018. Em 2020, a corrente de comércio bilateral somou US$ 18 milhões (aumento de 97,1% em relação ao período anterior). Nesse período, o Brasil importou US$ 11 milhões e exportou US$ 6 milhões, com saldo negativo para o lado brasileiro de US$ 5 milhões.
Essa mudança incomum na balança comercial se deve, de acordo com o Itamaraty, aos efeitos da pandemia de covid-19 sobre a produção brasileira para exportação, colocando o Brasil na posição 150 dos exportadores para a Namíbia. Integram a lista dos principais produtos brasileiros exportados em 2020 carnes, máquinas mecânicas, vestuário e acessórios, cereais, papel e cartão, açúcares e produtos de confeitaria, chapéus e artefatos, produtos cerâmicos, móveis e mobiliário, e instrumentos de precisão.
As carnes de aves foram responsáveis por 54% das exportações, seguidas por maquinário de uso industrial (12%), roupas (8,1%), equipamentos mecânicos (4,2%), arroz (6,2%) e papel e cartão (3,5%). Em relação as importações, 98% foram de minérios e concentrados dos metais de base. A Namíbia ficou na posição 91 entre as origens das importações brasileiras.
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