O Plenário do Senado aprovou nesta quinta-feira (2) a indicação do diplomata Pedro Miguel da Costa e Silva para a chefia da representação brasileira junto à União Europeia (UE), em Bruxelas.
Durante sabatina na Comissão de Relações Exteriores (CRE) na terça-feira (30), o diplomata disse que sua "prioridade número 1" será concluir o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE), que pode criar uma das maiores áreas de livre comércio do mundo. Parte dos países europeus ameaça rejeitar o acordo por preocupações com a situação ambiental brasileira, questões trabalhistas, e com a qualidade dos produtos brasileiros.
Para Costa e Silva, sua principal missão será desmontar narrativas “sem fundamento”. Ele aponta que os marcos regulatórios do Brasil demonstram a preocupação do país com o desenvolvimento sustentável.
— O argumento é que produtos do Mercosul não respeitam direitos trabalhistas ou o padrão de qualidade europeu, e põem em risco a saúde da população daquele continente. Nada disso é verdadeiro. Essa narrativa precisa ser desconstruída. A missão é mostrar que o acordo terá o efeito oposto: contribuirá para o desenvolvimento sustentável e garantirá o atendimento dos mais altos padrões regulatórios — afirmou na sabatina.
A presidente da CRE, Kátia Abreu (PP-TO), apontou que o Senado pode auxiliar nas negociações com França e Alemanha, dois países que demonstram resistência ao acordo, após o aumento do desmatamento nos últimos anos. Ela sugere a promoção de reuniões com parlamentares europeus e disse que a preservação da Amazônia e outros biomas é uma preocupação do Senado.
O Brasil é o segundo maior fornecedor de produtos agrícolas para a UE, atrás apenas dos Estados Unidos. Em 2020, no cenário de dificuldades relacionadas à pandemia, houve uma queda de 10,7% na corrente comercial (US$ 57,96 bilhões), entre exportações (-7,8%) e importações (-13,2%). Ainda que se tenha registrado aumento na exportação de soja (+58,7% em relação a 2019), o saldo comercial foi deficitário para o Brasil em US$ 2,67 bilhões negativos.
Entre janeiro e setembro de 2021, houve uma retomada no fluxo comercial em comparação a 2020, com crescimento de 28,9% na corrente (US$ 55,9 bilhões), entre exportações (US$ 27,96 bilhões, +32,2%) e importações (US$ 27,9 bilhões, +25,7%), desta vez com saldo superavitário para o Brasil (US$ 48,3 milhões).
Produtos manufaturados equivalem a 95% das importações brasileiras originárias da UE.
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