A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado aprovou nesta quinta-feira (9) o projeto de lei que inscreve o nome de Jaime Wright, pastor presbiteriano defensor dos direitos humanos no Brasil, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria (PL 405/2019). A matéria, que foi relatada pelo senador Flávio Arns (Podemos-PR), é de autoria do deputado federal Fábio Sousa (PSDB-GO). A proposta segue agora para análise do Plenário do Senado.
Durante a leitura de seu parecer, Arns disse que a homenagem era “justa e meritória” por reconhecer a coragem do líder religioso que “sofreu na própria pele os tormentos da ditadura no Brasil".
Jaime Nelson Wright nasceu em Curitiba, em 1927. Ele foi pastor presbiteriano e ativista de direitos humanos. Filho de norte-americanos, graduou-se pela Universidade de Arkansas e se pós-graduou em estudos religiosos na Pensilvânia, ambas nos Estados Unidos.
Conforme destaca Arns no parecer, no final da década de 1960 e início da década de 1970, o pastor exercia seu ministério no interior da Bahia e já encabeçava movimentos contra a tortura. Em 1973, seu irmão, o deputado estadual por Santa Catarina Paulo Stuart Wright, que teve o mandato cassado e era militante da Ação Popular (grupo de esquerda de origem cristã), foi morto nas dependências dos órgãos de segurança do governo. "A busca pessoal do pastor Wright pelo irmão fez com que ele reunisse farta documentação sobre a tortura e os assassinatos praticados pelo Estado brasileiro".
"A consulta sigilosa a 707 processos, a listagem de 1.843 casos de tortura e a fixação em 125 do número de desaparecidos no período compreendido entre os anos de 1964 e 1979, geralmente mortos durante interrogatórios e sepultados com falsa identidade, formaram uma base de dados nunca contestada pelos policiais e militares implicados", ressalta o relator.
Como resultado do material coletado, o pastor escreveu, em coautoria com Dom Paulo Evaristo Arns e o rabino Henry Sobel, o livro Brasil: Nunca Mais, publicado em 1985, que apresenta um relato sobre a tortura de prisioneiros políticos durante o regime militar.
Jaime Wright faleceu em 1999, aos 71 anos, em Vitória. Tinha esposa e cinco filhos.
O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria se encontra no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília. Conforme a Lei 11.597, de 2007, esse livro se destina "ao registro perpétuo do nome dos brasileiros e brasileiras ou de grupos de brasileiros que tenham oferecido a vida à Pátria, para sua defesa e construção, com excepcional dedicação e heroísmo".
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