A imensa paisagem cultural do Brasil e a diversificação de ritmos favorece a integração das políticas culturais e musicais, e pode contribuir de forma decisiva para o fortalecimento do turismo. A avaliação foi feita nesta segunda-feira (28) em debate sobre o tema "Turismo Cultural: a música como vetor de ampliação da atividade turística".
O evento — interativo — foi promovido pela Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado. Presidente do colegiado, o senador Fernando Collor (Pros-AL) avaliou que o fortalecimento da política cultural é essencial para estimular o turismo no Brasil.
Collor ressaltou que o turismo e a música são duas indústrias de enorme importância no Brasil, e que a combinação das duas atividades resulta em potencial na economia e na cultura. Ele afirmou que visitantes brasileiros e estrangeiros há décadas vão a diversas regiões brasileiras para apreciar manifestações musicais, em experiências de lazer que têm na música o seu principal foco de atração.
O senador destacou que a Lei Rouanet (Lei 8.313/1991), “mecanismo mais duradouro e de importância incomparável para a proteção, difusão e valorização da cultura brasileira”, completou três décadas de existência, contribuindo de forma relevante para consolidar o patrimônio cultural e o desenvolvimento da economia nacional. Ele citou estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) segundo o qual a Lei Rouanet movimentou quase R$ 50 bilhões entre 1993 e 2018; em projetos musicais, o retorno teria sido de 1,64 centavos para cada real investido.
Collor defendeu o aperfeiçoamento dessa lei para conferir ao setor cultural o lugar que lhe cabe no desenvolvimento do país, em especial na redução das desigualdades regionais e na dinamização da atividade turística. E declarou que a Lei Rouanet tem sido capaz de transcender ideologias de governo, atuando como um mecanismo de Estado permanente em favor da sociedade.
Coordenadora de Destinos Inteligentes e Criativos do Ministério do Turismo (MTur), Bárbara Blaudt Rangel salientou que o Brasil possui uma cultura musical muito rica, e disse que o governo tem contribuído para a consolidação de destinos, com a oferta de novos produtos turísticos nas áreas cultural, religiosa, de negócios e eventos, entre outros. Atualmente, acrescentou ela, tem trabalhado no desenvolvimento do turismo criativo por meio da economia criativa, na qual está incluído o turismo cultural. Ela ressaltou que, hoje, Salvador e Recife são as duas localidades brasileiras apontadas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como cidades criativas. Bárbara observou que, para fortalecer a competitividade do turismo, o governo também investe na criação da rede brasileira de cidades criativas.
Diretor do Centro da Música da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Bernardo Guerra Duarte afirmou que o turismo e a música sempre caminharam juntos, citando como exemplo o Carnaval.
— Há cidades que cresceram em razão da atividade cultural, como o Festival de Ópera, em Manaus, e o Festival de Inverno em Campos do Jordão. A Lei Aldir Blanc vem ajudando o Brasil inteiro. A música impulsiona o turismo e o turismo sempre impulsiona a música. Há sempre que procurar alternativas para favorecer os dois setores - afirmou.
Diretora do Teatro Amazonas e representante da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Amazonas, Sigrid Ramos Cetraro disse que o estado é um atrativo natural ao turismo, realizando anualmente três festivais: o Festival Amazonas de Ópera, em sua 24ª edição, que deve ocorrer presencialmente no final de abril; o Festival de Jazz, em sua 10ª edição; e o Festival Folclórico de Parintins.
Diretor-Geral da Orquestra Filarmônica de Alagoas, Luiz Martins defendeu investimentos no setor cultural como forma de incentivo às regionalidades.
— A pandemia afetou o setor cultural. Na arte, quando acabam os sonhos, sobram os boletos. O artista precisa sobreviver. A arte precisa ser sempre um mecanismo de transformação cultural e de incentivo às regionalidades. O Brasil ainda é um país que possui um número restrito de orquestras. Existem polos regionais, mas, em se tratando de Nordeste, temos reais carências de mais orquestras e investimentos, para que consigamos formar novos artistas e novos núcleos de música — declarou ele.
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