Durante sessão plenária, os senadores lamentaram o avanço acelerado da covid-19 no Brasil, que registrou nesta quarta-feira (10) 2.286 mortos pela doença nas últimas 24 horas — é o número mais alto no país desde o início da pandemia.
Com esses novos dados, a média móvel de mortes causadas por covid-19 no Brasil chegou a 1.626 nesta quarta, também a maior já registrada. O indicador, em comparação com o verificado há 14 dias, sofreu acréscimo de 41%, indicando tendência de alta nos óbitos. Foram 79.876 novos infectados em 24 horas. Os dados provêm do mais recente balanço divulgado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). No total, o Brasil já perdeu 270.656 vidas para a doença e computou 11.202.305 casos de contaminação.
Líder do MDB, o senador Eduardo Braga (AM) disse que o momento atual aponta “mais do que nunca” para a importância da vacinação. Ele também cobrou do governo federal a elaboração de um cronograma que garanta a imunização de todo o país, além do tratamento das pessoas já atingidas pela doença.
— É muito triste ver o que está acontecendo, e cada dia será cada vez mais crítico nas próximas duas semanas, não apenas pela questão das UTIs [Unidades de Terapia Intensiva]. Nós estamos tendo problemas com o credenciamento de UTIs que já estavam credenciadas no ano passado. Das capitais brasileiras, apenas Maceió e Macapá estão com índice inferior a 80% de ocupação de UTIs, o que mostra a gravidade da situação em todo o país. De um lado, precisamos vacinar a população; de outro, cuidar daqueles que se agravam. Precisamos de UTIs — afirmou Eduardo Braga.
O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) lamentou o número de mortos e disse que o presidente Bolsonaro vem sistematicamente vilipendiando a Constituição, com a prática reiterada de crimes de responsabilidade.
— Será que o Senado Federal vai continuar letárgico, omisso e subserviente? A presidente Dilma, e olha que eu não sou do Partido dos Trabalhadores, foi deposta por impeachment por muito menos. Acredito que, se ela não fosse mulher, não teria sofrido esse impeachment. Espero que os senadores tenham a hombridade de defender o principal bem jurídico, que é a vida humana, que está sendo violada com a digital desse presidente da República e do ministro da Saúde. Vamos nos unir para, com sobriedade, dar uma resposta para a sociedade — declarou Contarato.
Em sua fala, o senador Dário Berger (MDB-SC) expressou “total solidariedade” aos quase 270 mil mortos pela covid-19 no país.
— O Brasil pede socorro, Santa Catarina pede socorro. Em Santa Catarina, foram 109 mortes nas últimas 24 horas e, o que é pior, existe uma lista de 400 pessoas à espera de um leito de UTI. Não podemos ficar inertes diante de uma situação como essa, em que observamos nossos irmãos brasileiros morrendo por falta de atendimento. Isso é inaceitável, isso é inadmissível. Precisamos tomar uma posição urgente, drástica. Essa é uma guerra sem fim. O que está em jogo é a vida das pessoas, e elas precisam ter atendimento digno em nossos hospitais. Não podemos poupar investimentos para atender as pessoas — ressaltou Dário.
O senador Paulo Rocha (PT-PA) afirmou que o avanço das mortes é consequência da irresponsabilidade do governo Bolsonaro. Ele frisou que, de acordo com especialistas, o número diário de mortes poderá chegar a três mil no mês de maio caso o governo federal não se mobilize em relação à doença, sobretudo no que diz respeito aos protocolos de vacinação.
A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) também lamentou o avanço das mortes e desejou o pronto restabelecimento dos senadores Lasier Martins (Podemos-RS), Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Major Olímpio (PSL-SP), que se encontram hospitalizados em decorrência da covid-19.
A senadora Leila Barros (PSB-DF), por sua vez, disse que o Senado “não pode se calar e ficar letárgico” diante do avanço das mortes.
— Que repensemos nossa atuação nesse sentido para dar uma resposta à sociedade brasileira — defendeu ela.
O senador Jacques Wagner (PT-BA) também prestou solidariedade às famílias enlutadas pela pandemia da covid-19. Ele disse que “o povo quer auxílio emergencial para não morrer de fome, vacina para não morrer da doença e emprego para não morrer de desgosto”.
O senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) disse que o governo já sabia do iminente avanço da doença desde o primeiro dia deste mês, devido à manifestação de um pneumologista “que antecipou que este seria o março mais triste de nossas vidas”.
— É muito irritante o governo ter esse comportamento — criticou Kajuru.
O senador Veneziano Vital do Rego (MDB-PB) também manifestou solidariedade às famílias que perderam seus entes queridos para a covid-19.
— Mais um dia de terror, mais um dia de drama em que nós nos traumatizamos. Não podemos continuar dessa forma — protestou.
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