Trabalhadores da área da Saúde, pesquisadores, profissionais que atuaram na linha de frente no combate à pandemia da covid-19 e representantes das Forças de Segurança de Minas Gerais foram os principais homenageados na cerimônia do Dia da Inconfidência Mineira , realizada em Ouro Preto, na região Central de Minas, nesta quinta-feira (21/4).
Uma das principais homenageadas com a Grande Medalha foi a técnica de enfermagem do Hospital Eduardo de Menezes, Maria do Bom Sucesso Pereira, mais conhecida como Cecé. A servidora da Saúde, que foi aplaudida pelos convidados e homenageados durante o evento, trabalhou desde o início na linha de frente no combate à pandemia. Ela foi a primeira a ser imunizada em Minas Gerais contra a covid-19, em 18 de janeiro de 2021, abrindo a que é considerada a maior operação de vacinação da história do Estado.
Cecé se emocionou e dedicou a homenagem aos profissionais que enfrentaram a pandemia e salvaram vidas. Ela também ressaltou a importância da vacinação. “O mérito não é meu, o mérito é de todos que se vacinaram. O mérito é da ciência. Aconselho a quem não se vacinou, que se vacine! Sou a primeira do estado a ter sido vacinada e até hoje não contraí o vírus. Então, podem confiar na eficácia da vacina. Passamos por um período difícil, onde perdemos muitas vidas. Hoje, vivemos um momento de alívio e segurança graças à vacinação”, disse.
Além das personalidades que atuaram na linha de frente, também foram homenageados os profissionais que trabalharam na produção científica no desenvolvimento da vacina nacional, como o pesquisador Ricardo Gazzinelli, coordenador do Instituto Nacional (INCT) e do Centro Nacional de Vacinas da UFMG. Gazzinelli representou os cientistas mineiros, que auxiliaram no desenvolvimento de tecnologia nacional para a fabricação da vacina contra covid e de outros imunizantes que fazem parte do Programa Nacional de Imunização (PNI).
“Para nós é um reconhecimento pelo trabalho que estamos fazendo lá na UFMG e que neste governo tivemos muito apoio pra trabalhar em problemas da pandemia. Este apoio foi muito importante para avançar no controle da doença. Dentre os avanços posso destacar o desenvolvimento de kits diagnóstico de covid-19. Estamos trabalhando intensamente na vacina que está em fase final de aprovação na Anvisa e, ainda com o apoio do governo de Minas, criamos o Centro Nacional de Vacinas, que será sediado aqui no estado, permitindo pesquisas e avanços mais rápidos no desenvolvimento de novas vacinas contra doenças”, ressaltou Ricardo Gazzinelli.
Em 2022, 84 personalidades foram contempladas. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, foi homenageado com o Grande Colar. Além disso, o ato simbólico homenageou 17 pessoas com a Grande Medalha, 36 com a Medalha de Honra e 30 a da Inconfidência. Excepcionalmente neste ano, em função da pandemia, não houve tempo suficiente para produção das medalhas. No entanto, as honrarias serão entregues posteriormente em cerimônia a ser realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), sem data definida.
Homenageados de 2020
Neste ano, a honraria também contemplou os agraciados em 2020, ano em que o evento não foi realizado devido à pandemia. Dentre os nomes celebrados estão o do o médico infectologista Unaí Tupinambás, que também atuou na linha de frente contra a pandemia e prestou, por diversas vezes, serviços de esclarecimentos sobre o vírus para a população.
“Acho que este prêmio é um reconhecimento do nosso trabalho. E neste momento represento todos os professores e pesquisadores da UFMG, assim como todos os trabalhadores da área da saúde. É com muita alegria e satisfação que a gente recebe esta homenagem por toda a luta que tivemos no combate a pandemia de covid-19. A ciência nos trouxe até aqui, com segurança, com máscara, com as três doses da vacina, e permitiu que a gente pudesse voltar a nos reunir em eventos e celebrar estes momentos como o de hoje”, disse Unaí.
Brumadinho
O trabalho realizado pela Polícia Civil de Minas Gerais na identificação das vítimas da tragédia de Brumadinho também foi lembrado com o agraciamento do médico legista Thales Bittencourt de Barcelos, superintendente de polícia técnico-científica, que chefiou o trabalho de reconhecimento, que até o momento conseguiu identificar 263 pessoas que morreram em decorrência do rompimento da barragem. A tragédia deixou um rastro de destruição e 272 vidas foram perdidas.
“Receber esta medalha é o reconhecimento do trabalho da Polícia Civil, especificamente da medicina legal e da perícia criminal, em tudo que estamos fazendo em prol da sociedade. É uma medalha que representa o esforço de muitos servidores. A polícia civil tem tido uma atenção muito importante com as famílias de Brumadinho, buscando a identificação dos corpos , devolvendo a história das suas famílias e estamos muito satisfeitos com o resultado alcançado”, afirmou Thales Bittencourt.
Cerimônia do Dia da Inconfidência Mineira
A Medalha da Inconfidência foi criada em 1952 pelo governador Juscelino Kubitscheck e possui quatro designações: Grande Colar, Grande Medalha, Medalha de Honra e Medalha da Inconfidência. Elas são entregues à personalidades e instituições que contribuíram para o desenvolvimento de Minas Gerais. Além disso, tradicionalmente, no dia 21 de abril, a capital do estado é transferida simbolicamente para Ouro Preto.
Em seu discurso , o governador realçou o simbolismo da data para o povo mineiro. “O dia 21 de Abril é um marco sobre a conquista da Liberdade, não só de Minas, mas do Brasil. Ele existe para lembrarmos que aqui, na antiga Vila Rica, Tiradentes foi condenado à morte por reivindicar um direito que hoje é uma garantia básica. Se não fossem por homens como ele, hoje não teríamos a liberdade como direito básico. Liberdade é o sentimento que Minas carrega na Bandeira e nos mineiros”, disse o chefe do executivo.
História
O feriado do dia 21 de abril também é conhecido como Dia de Tiradentes – em alusão a Joaquim José da Silva Xavier, mártir da Inconfidência Mineira, movimento de independência que teve como epicentro a cidade de Ouro Preto, no século XVIII. A data resgata os valores históricos de Minas Gerais, como a luta por um processo mais democrático e de liberdade. A execução de Tiradentes se deu no dia 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro.
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