A relevância da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para a agropecuária e a agroindústria brasileiras foram destacadas por senadores em sessão especial para homenagear os 49 anos da instituição, nesta quinta-feira (28). O senador Elmano Férrer (PP-PI) foi autor do requerimento para a solenidade, que teve participação de outros parlamentares, como Izalci Lucas (PSDB-DF), Paulo Rocha (PT-PA), Lasier Martins (Podemos-RS), Luis Carlos Heinze (PP-RS) e Wellington Fagundes (PL-MT).
Criada pela Lei 5.851, de 1972, a Embrapa teve os estatutos aprovados em 28 de março de 1973. A primeira diretoria foi empossada em 26 de abril daquele ano. Ex-diretor de uma unidade da empresa pública no Piauí por dez anos, Elmano disse que as autoridades brasileiras têm responsabilidade com o órgão que, segundo ele, ajudou a criar e desenvolver o agronegócio do país.
Segundo o parlamentar, o valor estimado da contribuição da Embrapa para a agricultura nacional em 2020, por exemplo, foi de R$ 62 bilhões, com geração de 41 mil empregos. Resultado bem maior do que o orçamento autorizado para a instituição naquele ano, que foi de aproximadamente R$ 3,4 bilhões, ressaltou.
— O Brasil deve se orgulhar muito por ter em seu território uma empresa desse porte, com tamanha expertise e reconhecida capacidade — afirmou.
Elmano defendeu a necessidade de o poder público diminuir as desigualdades entre as regiões brasileiras e promover equilíbrio na distribuição de renda. Ele informou que o planejamento estratégico da Embrapa para 2030 traz projeções mundiais de aumento do consumo de água (50%), energia (40%) e alimentos (35%), com base nas estimativas de expansão populacional, aumento da longevidade e ampliação do poder aquisitivo de grande parte das pessoas.
— Fica claro que a agricultura brasileira demandará um processo de tomada de decisão continuamente qualificado e abastecido de informações confiáveis. E a Embrapa, sabemos, está em contínua adaptação para conseguir atender as demandas do país e entregar os resultados que nossa gente merece — observou.
Líder do PT no Senado, Paulo Rocha homenageou todos os integrantes da Embrapa, dos que dirigem tratores até os mais diplomados pesquisadores. O parlamentar disse reconhecer o papel da instituição, especialmente por ser da região amazônica. Na opinião dele, a empresa estatal está diretamente ligada à soberania nacional e, por pertencer aos brasileiros, deve ter o governo como guardião.
— A Embrapa é uma conquista, um patrimônio. E o atual governo não está tratando ela assim: o corte de orçamento e a retirada de dinheiro para pesquisa é um processo de desvalorização com vistas à captura por algum interessado de plantão. Nós, do Congresso Nacional, estamos aqui para agir.
Presidente da Frente Parlamentar Mista de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação, que conta com 207 parlamentares do Congresso Nacional, o senador Izalci Lucas destacou a luta pelo fortalecimento da tecnologia e da inovação do país. Ele alertou para questões como uma ameaça sofrida pela Embrapa em Brasília, de ter suas áreas destinadas à pesquisa transformadas em assentamentos, por terem sido consideradas terras ociosas pelo governo local.
Izalci disse ter conseguido impedir a ideia junto a outros parlamentares, o que salvou a região, mas disse que as autoridades devem estar sempre atentas para defender conquistas do Brasil como a Embrapa. O parlamentar mencionou emenda apresentada por ele ao Projeto de Lei Plurianual (PPA) e à Lei Orçamentária Anual, que aumentou os recursos da Embrapa em mais de R$ 1,4 bilhão. Segundo o senador, a aprovação da medida permitiu que o recurso seja utilizado até 2023 no Programa de Inovação e Pesquisa Agropecuária e outras ações do Ministério da Agricultura.
— Eis um momento de conquista. Outra que, enfim, torna-se realidade, é projeto de nossa autoria sobre o FNDCT, o Fundo Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que recebeu veto [da Presidência da República], mas foi derrubado, o que levará o país a fazer a diferença na área. Para se ter ideia desses valores, entre 2016 e 2020, esse fundo arrecadou R$ 18 bilhões, dos quais R$ 13 bilhões deixaram de ser investidos, ou seja, foram contingenciados.
O senador Chico Rodrigues (União-RR) criticou menções a uma possível privatização da Embrapa e declarou que “em time que está ganhando não se mexe, mas se investe”. O parlamentar avaliou que o aperfeiçoamento da produção de itens como soja, milho, feijão, cacau e arroz é fruto dos estudos e da dedicação dos pesquisadores da instituição.
Ao apontar que a produção agropecuária mais sustentável e questões ambientais como as mudanças climáticas são desafios da Embrapa para os próximos anos, Chico Rodrigues defendeu que o governo se antecipe aos problemas. Ele disse ser difícil mensurar a relevância da empresa para a nação, pelo dinamismo da empresa na produtividade de alimentos para o Brasil e outras nações.
— Somos hoje o celeiro do mundo, que ainda muito espera dos campos brasileiros. “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”, dizia Fernando Pessoa. [Digo que] Deus quer, o homem sonha, a Embrapa torna realidade.
Na opinião do senador Lasier Martins (Podemos-RS), seriam necessárias muitas sessões especiais para homenagear a Embrapa à altura do que ela merece.
— A Embrapa tem um significado extraordinário para todos, porque ela cuida de alimentos. É um símbolo nacional de soberania, pelo qual temos muito respeito, admiração e muita gratidão, por tudo o que realiza, pelo conceito que conquistou. Nosso país é um celeiro e precisa produzir muito mais, porque as demandas do são imensas e nosso território agricultável é imenso, tal qual nenhum outro no mundo.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim, lembrou que a Embrapa sempre foi movida por desafios, tendo a empresa ajudado o Brasil a se antecipar nas questões ambientais. Segundo o ministro, a instituição levou o país a se tornar referência em cultura agrotropical, o que, na opinião de Alvim, tornou o Brasil uma potência mundial no setor.
Paulo Alvim avaliou que o fato de a Embrapa ter se envolvido há mais de uma década com os estudos sobre mudanças climáticas fez com que o Brasil se antecipasse na temática. Segundo o ministro, esses estudos produzidos pela instituição ajudaram o país a apresentar uma postura diferenciada junto à Conferência do Clima ocorrida em novembro, em Glasgow, na Escócia.
— As iniciativas da Embrapa contribuem para mudança de imagem do Brasil, que já é uma potência agroambiental. Instituições internacionais começam a reconhecer esse fato e a pedir ajuda, como ocorreu recentemente, vindo da direção da OMC [Organização Mundial do Comércio]. O Brasil tem um compromisso planetário, de uma produção agroindustrial sustentável.
Ele também parabenizou todos os 8 mil funcionários da Embrapa.
— Vocês fazem a diferença. Não dá para falar em agronegócio de sucesso e de futuro sem falarmos da Embrapa, que sempre será de vanguarda. O futuro é cada vez mais desafiador, então, é fundamental fortalecermos o capital humano e a capacidade de pesquisa — salientou.
O presidente da Embrapa, Celso Moretti, disse que “feliz é o país que tem memória e reconhece o esforço de homens e mulheres que trabalham para mudar a realidade da segurança alimentar do Brasil e do mundo”. Ele garantiu que a empresa age com transparência e afirmou que, para cada real investido na instituição em 2021, por exemplo, foram devolvidos R$ 12 em forma de benefícios para a sociedade. Moretti anunciou ainda que a área para a produção de produtos como o trigo será aumentada em 13% este ano, o que elevará a colheita dos atuais 7,5 milhões para 8,5 milhões de toneladas em 2022.
Já o secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Fernando Camargo, apontou que a Embrapa tem desafios para os próximos 50 anos, especialmente no desenvolvimento de tecnologias para produção sustentável de alimentos. Ele ressaltou, no entanto, que a instituição é capacitada para fazer frente a todas as demandas.
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