A senadora Soraya Thronicke (União-MS), que foi candidata à Presidência da República, definiu-se nesta terça-feira (25) como “liberal na economia e a favor do combate à corrupção e da transparência”. Enfatizou, entretanto, que os dois candidatos que disputam a presidência do país no segundo turno das eleições não preenchem esses requisitos, o que a fará atuar na oposição ao próximo governo.
A senadora lamentou que o processo político tenha se encaminhado para uma forte polarização, em razão da qual mais uma vez os brasileiros terão de escolher "o menos pior". Apesar disso, frisou, respeitará a decisão das urnas, qualquer que seja o resultado da eleição.
Soraya também criticou a disseminação de notícias falsas pelas redes sociais como um dos aspectos marcantes do pleito que será decidido neste domingo (30):
— É um absurdo o que nós estamos vivenciando neste país: a desinformação. E, hoje, aqueles que iniciaram a propagação de notícias falsas provam do próprio veneno: estão sentindo na pele o que foi fake news, desinformação e tudo o que aprontaram nas redes sociais desde 2018.
Para a senadora, o Poder Executivo, que atualmente questiona as decisões do Poder Judiciário, não tem legitimidade para fazê-lo. Ela destacou que nos últimos anos foram ultrapassados todos os limites de civilidade. Quem excede esses limites, observou, perde a sua razão:
— O Poder Executivo não tem mais moral para sequer atacar o Poder Judiciário, ainda mais quando um grande apoiador, o ex-deputado Roberto Jefferson, faz o que fez, criticou a senadora, referindo-se ao integrante do PTB que descumpriu ordem judicial de prisão e disparou contra policiais federais no domingo (23).
Soraya fez questão de lembrar de um episódio, que na opinião dela, reforça a falta de autoridade do governo para criticar o que afirma serem excessos do poder judiciário. Trata-se da frustrada tentativa de investigar aquele poder por meio de uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
— Quero dizer aqui que eu estou há horas sentada, ouvindo colegas que se esqueceram de que, em 2019, nós entramos com o pedido de CPI da Lava Toga e também de impeachment contra atos de membros do Poder Judiciário. E vocês se esqueceram de que foi o próprio Presidente da República e o próprio filho dele, nosso colega senador Flávio, que coibiram. E agora estes colegas reclamam como se eles não estivessem [aqui] em 2019. Estavam aonde?
A parlamentar também rechaçou críticas em relação ao Congresso, que, no entender dela, contribuiu com a administração do país ao votar medidas provisórias, até em excesso e sem justificativa de urgência, e chegou a sofrer ameaças de cerceamento ao seu poder:
— O campeão das medidas provisórias se chama Jair Bolsonaro, e nós colaboramos. Então, ninguém tem nada para falar deste Congresso, para querer inclusive fechar as nossas portas.
A senadora disse que gostaria de deixar um "recado" aos brasileiros, no sentido de manterem "antenas ligadas", independentemente de quem seja eleito no domingo":
— O que fizeram até agora foi nos distrair. Eu serei oposição, oposição naquilo que é contrário ao combate à corrupção, o que os dois [candidatos] são; ao que é contra a economia de mercado, porque não há liberalismo econômico neste governo. Estão querendo taxar dividendos e lucros. Isso é liberal? Isso afugenta investimentos. Isso não é nada liberal. Tudo o que nós estamos vendo aqui é exatamente o contrário do que se prometeu. Estou falando em não cumprir promessas, em sentar numa cadeira mentindo. Apossaram-se da agenda liberal e de uma agenda de direita, e foi tudo uma mentira, uma mentira! Traidores da pátria! Traidores da pátria!
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