A Justiça do Rio de Janeiro condenou a 45 anos de prisão o engenheiro Paulo José Arronenzi, acusado de assassinar a facadas a ex-mulher, a juíza Viviane Vieira do Amaral, na véspera do Natal de 2020, na frente das três filhas do casal.
O julgamento terminou depois das 4h da madrugada de hoje (11). Arrozenzi estava separado da juíza que levou as três filhas à Barra da Tijuca para passar o Natal com o pai. As crianças tinham presentes para dar a ele.
Quando a juíza desceu do carro foi atacada a golpes de faca pelo ex-marido, sem chances de reação. Arronenzi foi preso em flagrante logo em seguida por guardas municipais. A sessão, realizada no 3º Tribunal do Júri, foi presidida pelo juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira e começou ontem (10), às 13h.
Viviane Vieira do Amaral tinha 45 anos ao ser morta e integrou a magistratura do Estado do Rio de Janeiro por 15 anos. Ela atuava na 24ª Vara Cível da Capital. Magistrados que conviveram com a juíza, amigos e parentes dela acompanharam o julgamento.
Segundo a denúncia do Ministério Público, o crime foi motivado "pelo inconformismo do acusado com o término do relacionamento, especialmente pelas consequências financeiras do fim do casamento na vida do engenheiro". Paulo Arronenzi foi denunciado por homicídio quintuplamente qualificado.
As qualificadoras, que levaram ao aumento da pena em caso de condenação, são: feminicídio, ou seja, a vítima foi morta por ser mulher; o crime foi praticado na presença de três crianças; o assassinato foi cometido por motivo torpe, já que o acusado a matou por não se conformar com o fim do relacionamento; o crime foi cometido por um meio que dificultou a defesa da vítima, atacada de surpresa quando descia do carro enquanto levava filhas ao encontro do ex-marido; e o meio cruel utilizado, uma vez que as múltiplas facadas no corpo e no rosto causaram intenso sofrimento à vítima.
Pela acusação, a primeira testemunha a falar foi a mãe de Viviane, Sara Vieira do Amaral. Ela lembrou que a sua família não era tão acolhida na casa da filha. E revelou que soube do crime através da neta mais velha, na época com 10 anos.
“Paulo sempre estava muito nervoso, estressado. As crianças não ficavam à vontade nem para fazer chamada de vídeo comigo. Minha filha era muito alegre e foi ficando cada vez mais introspectiva”, revelou Sara, que destacou ainda a mudança de vida imposta às netas e à família após a tragédia. A neta mais velha contou pelo telefone para a avó o que tinha acontecido com a mãe: “a mamãe está muito ferida, vovó. Ela está toda furada e ensanguentada caída no chão”.
Vinicius Vieira do Amaral, irmão da vítima, foi o segundo a depor. Ele explicou que a irmã abriu mão da escolta armada em dezembro e, no mesmo mês, ela foi morta pelo ex-marido.
“Ele queria compensações financeiras. Minha irmã deu R$ 640 mil para ele. Em troca, ele deu a morte para ela. Todas as vezes que penso nela, lembro da cena de terror do dia do crime. Tenho dificuldade de manusear facas. Ele começou a matá-la muito antes do crime e até hoje ele segue matando toda a minha família”, disse Vinicius.
O motorista de aplicativo Márcio Júlio Romeu, que passava pelo local do crime na hora, relatou o que viu. Além dos três, mais duas testemunhas de acusação foram ouvidas: Roberta Borges de Azeredo, melhor amiga da vítima; e Lara Bastos Pinto, testemunha que estava perto do local e filmou parte do ataque.
Pela defesa de Paulo Arronenzi, testemunharam Rosane Arronenzi, irmã do réu; e Josemar Oliveira de Souza, guarda municipal que chegou ao local logo depois da tragédia.
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