Cerca de 180 achados arqueológicos descobertos nas obras do Porto Maravilha figuram na exposição Achados do Valongo, aberta, hoje (30), no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), na Gamboa, região central do Rio de Janeiro.
É a primeira vez que são apresentadas cerâmicas, anéis de piaçava, pedras e peças em vidro do Cais do Valongo que contam um pouco da herança africana.
Os achados arqueológicos, que estavam no antigo Cais do Valongo, onde funcionou o maior mercado de escravizados do Brasil, fazem parte do acervo do Laboratório Aberto de Arqueologia Urbana (Laau), da prefeitura da cidade.
A mostra é gratuita e ficará em cartaz por pelo menos um ano no Muhcab, que funciona no Centro Cultural José Bonifácio. Criado por ocasião das obras do Porto Maravilha, o Laau soma cerca de 1,2 milhão de peças localizadas durante as intervenções na Zona Portuária.
Um lote com 262 mil itens é relativo às escavações do Cais do Valongo. As demais são dos sítios Sacadura Cabral, Morro da Conceição e Trapiche da Ordem, entre outros pontos.
A exposição, que marca ainda um ano da inauguração do Muhcab , é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura e do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, em parceria com pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e do Museu Nacional.
Para o secretário municipal de Cultura, Marcus Faustini, visitar a exposição é lidar com a memória afro-brasileira. “Construir um futuro sem racismo e com mais diversidade é um compromisso dos cariocas, então, é importante pegar algo que estava apagado e trazer para que a população tenha acesso e é o que o Muhcab tem feito ao longo deste seu primeiro ano de vida”, disse.
A mostra tem curadoria dos pesquisadores da Uerj e do Museu Nacional, organização do Muhcab, patrocínio do Instituto Moreira Salles e do Instituto D’Orbigny e supervisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Ela se soma à exposição permanente do museu, “Protagonismos – Memória orgulho e identidade”.
Descoberto em 2011, na fase inicial do projeto Porto Maravilha, de revitalização da região, o cais era adjacente ao mercado. Estima-se que por lá passaram 700 mil africanos escravizados entre 1790 e 1831, oriundos de portos do atual território de Angola, mas também de Moçambique.
A escavação arqueológica de 2011 abriu um pedaço de terreno de quatro mil metros quadrados. De lá saíram centenas de artefatos de matrizes africanas, como contas de colares, búzios, brincos e pulseiras de cobre, cristais, peças de cerâmica, anéis de piaçava, figas, cachimbos de barro, material em cobre, âmbar, corais e miniaturas de uso em ritual.
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