O relatório do Instituto Fogo Cruzado referente ao ano de 2022 apontou que a zona norte da capital fluminense concentrou 38% do total de tiroteios mapeados no ano na região metropolitana do Rio de Janeiro. O levantamento, publicamente disponibilizado na íntegra , apresenta diversas segmentações dos dados. Revela, por exemplo, episódios envolvendo operações policiais, bairros mais afetados, recortes das vítimas por faixa etária e números de ocorrências envolvendo proximidades de unidades de ensino e de saúde.
O Fogo Cruzado surgiu inicialmente como um aplicativo desenvolvido pela Anistia Internacional e lançado em 2016 para monitoramento de tiroteios e seus impactos em centros urbanos. Foi sendo aprimorado, convertendo-se em um plataforma capaz de reunir diversos indicadores sobre violência armada. Em 2018, o projeto passou a ter uma gestão independente e autônoma.
Atualmente, o trabalho é realizado em 49 municípios de três regiões metropolitanas: Rio de Janeiro, Recife e Salvador. Com o objetivo de fornecer informações que possam auxiliar o planejamento de políticas de segurança pública eficazes, o relatório anual apresenta um panorama com detalhes do monitoramento.
Os dados da região metropolitana do Rio de Janeiro aparecem no relatório divididos por seis localidades. Quatro são delas se referem à capital: zona norte, zona oeste, zona sul e centro. As outras duas são Baixada Fluminense – composta por 13 municípios como Belford Roxo, Duque de Caxias, Nilópolis, Nova Iguaçu e São João de Meriti – e Leste Metropolitano – que inclui Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e outros.
De acordo com o levantamento, houve 3.587 tiroteios na região metropolitana do Rio de Janeiro em 2022, o que representa uma média de dez por dia. Os dados apontam uma queda de 23% em relação a 2021, quando houve uma média de 13 registros diários.
Resultaram em mortos ou feridos 45% dos tiroteios mapeados. Ao todo, 2 mil pessoas foram baleadas: 984 morreram e 1.016 ficaram feridas. Na média, 166 pessoas foram baleadas por mês. Na comparação com 2021, houve uma queda de 9% no número de mortos. A quantidade de feridos ficou estável.
Tiroteios ocorridos durante ações ou operações policiais em 2022 representaram 35% do total. Foi registrada a morte de 67 agentes de segurança pública baleados em serviço, e 44 ficaram feridos. Outros 52 óbitos e 33 vítimas feridas foram contabilizados envolvendo profissionais fora de serviço, aposentados ou exonerados. Na comparação com 2021, houve queda de 18% no número de agentes mortos.
O mapeamento também contabilizou 109 atingidos por balas perdidas em 2022, dos quais 26 morreram. Em praticamente 60% dos episódios, as vítimas foram baleadas durante ações ou operações policiais.
Além de concentrar 38% do total de tiroteios, a zona norte do Rio registrou o maior número de feridos. Já a Baixada Fluminense respondeu pelo maior número de mortes: foram 302, pouco mais de 30% do total mapeado.
No recorte por bairros, os três mais afetados por tiroteios estão na cidade do Rio de Janeiro: Praça Seca (73 ocorrências), Maré (67) e Vila Kennedy (65). Em outros municípios, o bairro Olavo Bilac, em Duque de Caxias, foi o que contabilizou mais episódios. Nos registros de mortes causadas por disparos de armas de fogo, despontam três bairros da capital: Penha (34), Maré (25) e Complexo do Alemão (19).
O relatório também traz informações sobre municípios de Pernambuco e Bahia. Na região metropolitana do Recife, foram contabilizadas 1.307 mortes por disparos de arma de fogo, o maior número já registrado desde que o Instituto Fogo Cruzado começou a operar no estado, em 2018. Na Bahia, os dados também revelaram uma alta letalidade. No segundo semestre de 2022, a região metropolitana de Salvador contabilizou 499 óbitos causados por arma de fogo. Na média, significa 83 ocorrência por mês, quase três por dia.
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