Advogados apresentaram nesta terça-feira (29) uma série de sugestões para uma minirreforma eleitoral visando a disputa municipal de 2024, durante reunião na Câmara dos Deputados. O debate foi promovido por um grupo de trabalho criado no último dia 22 pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Em sua apresentação, a advogada e professora Marilda de Paula Silveira apontou 14 pontos que deveriam ser atualizados, vários relacionados ao financiamento de campanha e à prestação de contas. Ela defendeu as doações das pessoas físicas por meio do sistema de transferências eletrônicas PIX, lançado no País em 2020.
Outra sugestão dela é revogar todos os dispositivos que atualmente estabelecem vedações para a propaganda eleitoral em espaços privados “Como já há teto para campanha, há teto para o partido, está na hora de deixar as pessoas gastarem o dinheiro da propaganda onde bem quiserem”, defendeu Marilda Silveira.
O ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Admar Gonzaga Neto foi um dos que defenderam novas regras nos gastos de pré-campanha, para assegurar igualdade de condições entre os candidatos. Pelo mesmo motivo, ele também defendeu a prestação de contas de eleitos e não eleitos em um mesmo prazo.
Já o ex-ministro do TSE Henrique Neves sugeriu alterações em tópicos relacionados ao registro de candidaturas e às inelegibilidades. Ele pediu normas claras e uma data específica para servir como base para eventuais impugnações pela Justiça Eleitoral. “É preciso simplificar cada vez mais a legislação”, declarou.
Influenciadores digitais
“Há necessidade de maior regulamentação sobre influenciadores digitais”, disse o coordenador-geral adjunto da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), Bruno Andrade de Souza. “Falam de games, mas dão opinião política; hoje esta não pode ser impulsionada, mas o canal como um todo é”, analisou.
Também participaram da audiência pública a ex-ministra substituta do TSE Maria Claudia Bucchianeri, os presidentes de comissão de direito eleitoral Sidney Sá das Neves, pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e Luciana Lossio, pelo Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), e o advogado e consultor Alexandre Bissoli.
Ajustes finos
Durante o debate, os especialistas convidados buscaram atender as demandas do relator do grupo de trabalho, deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA). “O grosso da reforma política foi feito no passado, agora é o ajuste fino”, disse o relator. “São as pequenas mudanças que trarão grandes avanços”, explicou.
O relator anunciou que apresentará o anteprojeto até o dia 6 de setembro. Para que as mudanças possam valer em 2024, essa minirreforma precisará ser aprovada pelo Congresso Nacional e publicada até 5 de outubro – ou seja, um ano antes da realização do primeiro turno das eleições municipais.
Segundo a coordenadora do grupo de trabalho (GT), deputada Dani Cunha (União-RJ), a estratégia é necessária devido ao prazo dos trabalhos, de 90 dias. Ela destacou que, além de audiências públicas – outra deverá ocorrer amanhã –, o GT possui um calendário de reuniões externas e receberá colaborações também pela internet.
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