Durante audiência pública com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na comissão temporária do Senado que acompanha as ações contra a covid-19 nesta terça-feira (6), senadores cobraram o reforço da campanha sobre prevenção e combate à pandemia, com incentivo ao uso de máscaras e ao distanciamento social.
De acordo com a senadora Kátia Abreu (PP-TO), o governo federal gastou a maior parte do dinheiro destinado a campanhas publicitárias de enfrentamento à covid-19 na divulgação de medidas econômicas, e não em informações sobre prevenção da nova doença. Ela pediu um relatório detalhado sobre o número de inserções das peças publicitárias nos veículos de comunicação e redes sociais, com informações sobre o conteúdo veiculado.
— No ano passado, de R$ 83,6 milhões investidos na covid em comunicação, R$ 800 mil apenas foram investidos num vídeo que fala sobre os cuidados com a covid, e esse vídeo foi distribuído gratuitamente e para ser passado voluntariamente: quem quiser passar passe. Agora, gastaram R$ 83 milhões veiculando ações retomadas da economia, auxílio emergencial, investimento nas micros e pequenas empresas. Mais da metade ou 80% desse recurso deveriam ter sido gastos ano passado falando de máscara, de afastamento físico, de não aglomeração e de lugares arejados. Então, eu gostaria de ver o plano de mídia com conteúdo — cobrou.
Segundo a senadora, o governo precisa informar e orientar melhor a população.
— Por falta de informação, muitas pessoas não sabem o dia, a hora e onde tomar a vacina. A pobreza está sendo menosprezada na vacina, não pela falta dela, mas pela falta de cuidado. Eu sei que isso é responsabilidade das prefeituras e dos governos, mas a falta de comunicação do governo federal agrava a situação — avaliou.
A cobrança de Kátia Abreu veio depois que o ministro afirmou que está em curso uma campanha de prevenção e vacinação desde 30 de março com investimento de R$ 23 milhões. Queiroga defendeu o uso de máscaras em diversos momentos da audiência.
— Eu acho, inclusive, que isso aqui deve ser ampliado fortemente, porque a gente ainda não conseguiu convencer a população brasileira em relação aos malefícios dessas aglomerações fúteis — esse é um fator que amplia a circulação do vírus — e do uso das máscaras. Eu acredito que, através de uma campanha educativa, nós vamos conseguir isso — disse o ministro.
Izalci Lucas (PSDB-DF), Soraya Thronicke (PSL-MS), Eliziane Gama (Cidadania-MA) e outros senadores reconheceram que o ministro tem defendido o uso de máscaras desde que assumiu o cargo, mas também reforçaram a importância de um plano de comunicação consistente para informar a população sobre a importância das medidas preventivas.
— Como o governo não tem adotado um programa de orientação pública de propaganda, de conscientização, há muita dúvida — disse Izalci.
Segundo Eliziane, o número de mortos seria muito inferior se o presidente da República também saísse em defesa do uso de máscaras e do distanciamento social.
— Temos um presidente da República que incentiva a aglomeração, que menospreza, por exemplo, o efeito do uso de máscara. E o que nós temos no Brasil? Quase 390 mil mortos — lamentou.
Para o presidente da comissão, senador Confúcio Moura (MDB-RO), está na hora de um "choque de comunicação".
— Precisamos de um choque de comunicação muito forte. É fundamental uma ostensiva campanha — disse.
Ainda na audiência pública na Comissão Temporária da Covid-19, o ministro da Saúde também defendeu a aprovação de um projeto para facilitar a inclusão de medicamentos em um protocolo contra a doença que vem sendo elaborado pela pasta. A ideia do protocolo é recomendar que médicos receitem determinadas substâncias no tratamento da covid-19.
O projeto em questão é o PLS 415/2015, que está na pauta do Plenário para esta semana. Apresentada pelo então senador, Cássio Cunha Lima, a proposta busca acelerar a incorporação de tecnologias no sistema de saúde.
Entre os medicamentos em análise, segundo o ministro, estão a dexametasona, medicamento usado no tratamento do reumatismo, e tocilizumabe, usado no tratamento da artrite rematoide. O protocolo clínico será submetido à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia (Conitec).
— Nós sabemos que a grande maioria dos fármacos que são utilizados para a covid não foram desenvolvidos para o tratamento da covid. Essas indicações não foram aprovadas pela Anvisa, que é quem tem competência de aprovar o uso de fármacos. Então, o Projeto de Lei 415 visa autorizar a Conitec para que fármacos usados no enfrentamento da covid possam ser inseridos nos protocolos clínicos do SUS, para que nós consigamos com esses protocolos melhorar a assistência e ter melhores resultados nas nossas UTIs, com a redução de mortalidade — defendeu Queiroga.
O ministro também prometeu a senadores anunciar em breve uma nova remessa de remédios do chamado kit intubação.
— O Ministério da Saúde abriu um pregão nacional e internacional sem fixação de preço. Estamos negociando com a Opas [Organização Pan-Americana da Saúde], e num curto prazo nós vamos anunciar também uma remessa desses insumos vindos dos Estados Unidos — informou.
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