Ao mesmo tempo que aprendem técnicas de pintura e textura, jovens do Centro Socioeducativo de Montes Claros, no Norte de Minas, sonham em trabalhar e cuidar das suas casas, junto com os familiares. Esta combinação tem sido um dos resultados trazidos pelo curso profissionalizante disponibilizado aos adolescentes, com aulas teóricas pela plataforma da Universidade Aberta Integrada Tecnológica (Uaitec) e práticas na unidade socioeducativa.
Em aproximadamente um ano e meio, três turmas se formaram no curso. A atual tem quatro alunos e, junto com as anteriores, irá totalizar 25 jovens preparados para atuar no mercado de trabalho na área de pintura, tanto em reformas e obras de residências quanto em imóveis comerciais. São 80 horas-aula teóricas e 95 horas-aula práticas, sendo a parte prática toda feita nas dependências do centro socioeducativo. A aplicação das novas habilidades trouxe, inclusive, a revitalização de mais de 40% de todas as instalações, tudo feito pelos jovens em cumprimento de medidas socioeducativas.
Tanto na parte teórica quanto na prática, os jovens contam com o suporte da agente de segurança socioeducativa Marlene Rodrigues Nascimento. Graduada em Ciências Sociais e técnica em Decoração, ela ajuda os adolescentes a entender os termos técnicos das aulas, além de estimular a descoberta das cores e, principalmente, como harmonizá-las.
“Desde a primeira turma, sempre há jovens despertando para os laços familiares e expressando o desejo de pintarem suas casas, ou pelo menos seus quartos. Isso é muito gratificante e interessante, pois as referências afetivas emergem com as cores, os pincéis e a renovação dos ambientes”, reflete a agente socioeducativa.
É o que acontece Jean Batista*, 17 anos, um dos quatro alunos da turma atual, que se apaixonou pelas formas geométricas e pela combinação de cores utilizadas em uma das salas da unidade. “Meu pai e um tio trabalham com pintura. Assim que sair daqui, vou ajudá-los nas obras”, planeja.
O adolescente Durval Marcondes*, 16 anos, pretende pintar a casa onde mora com a mãe de branco, com leves tons de amarelo. “O branco dá uma leveza e, o amarelo, vai movimentar tudo”, projeta.
Recursos
Trinta latas de tinta acrílica de 18 litros e cerca de dez galões de esmalte sintético já foram utilizados pelos jovens para pintar os 40% da unidade, que está de cara nova. A maior parte do material, como tintas, pincéis, rolinhos, lixas, diluentes e outros itens, vem do Almoxarifado Central da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), em Belo Horizonte, ou foi comprada com verba de despesa miúda da unidade socioeducativa.
O diretor do Centro Socioeducativo de Montes Claros, Giulleano Bassan, relata que as atividades de pintura têm sido muito produtivas para os adolescentes, pois ajudam a despertar um grande comprometimento com a medida. Alguns deles, inclusive, já se tornaram monitores nas aulas práticas. Ele ressalta, ainda, a importância do apoio do diretor de segurança da unidade, Josedeth Guimarães, e sua equipe, e também de todos os servidores da área técnica da unidade.
“Esta formação profissional gera autoconfiança e esperança de o jovem conseguir seus próprios recursos financeiros e interromper sua trajetória infracional pelo trabalho. Uma esperança de realmente mudar sua condição”, avalia o diretor.
*Os nomes são fictícios para preservar a identidade dos adolescentes, conforme recomendação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
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