O depoimento do empresário Carlos Wizard na CPI da Pandemia foi remarcado para o próximo dia 30. A informação foi confirmada pelo presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM), nesta segunda-feira (21).
De acordo com o parlamentar, os advogados do empresário procuraram a CPI e informaram que o cliente se apresentaria em data e hora agendadas pela comissão. A remarcação ocorre depois que parte dos integrantes da CPI decidiram, no fim de semana, que, além do pedido de condução coercitiva autorizado pelo ministro Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, eles acionariam a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) para localizar Wizard. O empresário até então não havia dado retorno às tentativas de contato feitas pela secretaria do colegiado.
— O depoimento está marcado para o dia 30, às 9h. Então, de hoje até quarta-feira, ele tem 10 dias para se organizar e vir ao Brasil — destacou Omar Aziz.
Carlos Wizard é suspeito de integrar o chamado “Gabinete Paralelo” (que teria o orientado o presidente Jair Bolsonaro quanto às decisões sobre a pandemia). Segundo o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, o empresário atuou informalmente como seu conselheiro por um mês e chegou a ser indicado para uma secretaria do órgão, mas recusou o convite. O depoimento de Wizard estava agendado para a última quinta-feira (17), mas ele não compareceu.
Para o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), a comissão também deveria notificar a Interpol para garantir que Wizard compareça.
“Depois de dois meses de ser pública e notória a convocação da CPI ao senhor Carlos Wizard, ele agora diz que virá. Não custa nada, ainda assim, notificar a Interpol para deixar tudo formalizado”, apontou Renan em sua conta em uma rede social.
Com uma lista de 14 pessoas que passaram da condição de testemunhas para investigados e 1,5 terabyte de arquivos do Executivo e de empresas, a CPI da Pandemia vai se aproximando do terceiro mês de atividades com novas frentes de atuação. Por meio de suas redes sociais, o senador Otto Alencar (PSD-BA) apontou que a análise dos documentos entregues à CPI começa a render frutos. O colegiado conseguiu, por exemplo, identificar pagamentos com dinheiro vivo de pessoas ligadas ao governo federal.
“No caso de Nise Yamaguchi, oito passagens aéreas para deslocamento até Brasília foram pagas dessa forma, o que poderá levar a CPI a ouvir a médica novamente”, disse o senador.
Na semana passada, o vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que a CPI já tem por certo que houve cumplicidade criminosa entre agentes privados e públicos para favorecimento, e avançará em novas frentes.
— Uma "perna" disso é a atuação, inclusive com crimes de advocacia administrativa, em favorecimento de empresas privadas. Quem foi beneficiado? É nessa seara que começaremos a entrar nesta semana — destacou Randolfe.
Carlos Wizard e Nise Yamaguchi estão na lista dos 14 nomes que antes eram testemunhas e agora passam a ser investigados pela CPI. Também integram essa relação o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga; seu antecessor na pasta, general Eduardo Pazuello; e o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo.
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