Pela primeira vez desde que foi criado, o projeto Brasil de Tuhu apresenta, neste sábado (26), às 16h, uma versão gratuita virtual de seu Concerto Didático. O espetáculo concebido pelo compositor, produtor musical e pianista brasileiro Tim Rescala, é inspirado no maestro Heitor Villa-Lobos, com adaptação por Roberto Souza Leão para o lançamento no canal Youtube do projeto.
O Brasil de Tuhu - apelido dado a Villa-Lobos quando criança, foi idealizado quando o ensino musical era obrigatório nas escolas públicas do país com o objetivo de promover o desenvolvimento psicossocial de crianças por meio da música.
No ano passado, com a pandemia do novo coronavírus, ficou impedido de ir às escolas. “Então decidimos fazer concertos didáticos virtuais para o ensino fundamental como forma de sensibilizar para o tema”, disse à Agência Brasil a diretora de produção da Baluarte Cultura, empresa realizadora do projeto, que é patrocinado pelo governo federal, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério do Turismo e pela prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. A classificação é livre.
“Não quisemos virar as costas para o público que sempre nos acolheu" , disse Paula. O concerto trata do cancionário popular brasileiro, com músicas do Guia Prático do maestro Heitor Villa-Lobos, cuja vida é contada às crianças.
Mais de 45 mil crianças e adultos em 13 estados já assistiram aos concertos presencialmente. Ao longo do tempo, além do concerto, foram lançadas animações, uma revista, uma rádio, e neste ano serão lançados quatro filmes.
“Foi um desafio gravar o concerto remotamente, principalmente a parte musical. Para dialogar com as crianças que estão vivenciando o ensino remoto, adaptamos a estética para o formato de videochamada", disse a diretora de produção.
Além de disponibilizar o material no canal do Youtube, o projeto articula, com as secretarias de educação municipais, a distribuição do concerto junto com o material das escolas, como atividade complementar para as crianças que ainda não estão indo presencialmente às aulas. O projeto já foi levado a Salvador (BA), Ipojuca (PE), Rio Grande (RS) e está previsto para a capital fluminense.
Segundo Paula, a vantagem de um concerto audiovisual é que ele não se esgota neste momento. “A gente vai continuar trabalhando para articular cada vez mais secretarias, para que seja incluído como atividade complementar para os alunos.”
O concerto mostra a infância de Heitor Villa-Lobos e explica o nome Brasil de Tuhu, que era o apelido do maestro quando criança, por ser apaixonado pelas locomotivas de trem.O compositor queria tocar violoncelo mas, como era muito pequeno, o pai adaptou uma viola para que o menino pudesse começar a tocar.
O projeto fala da importância de Villa-Lobos para a música brasileira, da integração do choro com a música clássica, de como ele adorava a formação do Quarteto de Cordas, e aproveita para apresentar os instrumentos às crianças, com suas diferenças e similaridades.
As cantigas incluídas no Guia Prático de Villa-Lobos foram catalogadas por ele na década de 1930, quando percorreu o Brasil ouvindo músicas típicas da infância do repertório nacional. O guia soma mais de 130 cantigas. “Todo o material que a gente trabalha vem do guia prático porque, assim como Villa-Lobos, a gente acredita que a educação musical, principalmente dentro das escolas públicas do país, precisa ser trabalhada em cima do repertório brasileiro”, afirmou Paula Sued.
A ideia é que o projeto possa ser disponibilizado permanentemente no Youtube.
No novo formato de videochamada, o concerto reúne Carla Rincón no primeiro violino, Luca Kevorkian no segundo violino, Jade Guilhon na viola, Matias Roque no violoncelo, tia Fifinha, interpretada pela atriz e cantora Verônica Bonfim, e o boneco Tuhu. Para garantir o acesso de todos, a apresentação contará com recursos de libras (linguagem de sinais), legendagem e audiodescrição.
As atividades musicais são educativas e lúdicas e apresentam conteúdos para várias idades. “A gente se preocupou em fazer as brincadeiras para várias idades porque a pandemia está sendo um período muito difícil, especialmente para as crianças em casa. Nossa preocupação foi como continuar atendendo esse público que sempre nos atendeu. A gente tinha uma responsabilidade e desenvolveu essas atividades”, afirmou a diretora
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