O radialista e produtor musical Lauro Gomes morreu hoje (12) aos 83 anos. Ele estava internado em um hospital no Rio de Janeiro para o tratamento de um recém-descoberto câncer no cérebro e acabou sofrendo uma parada cardíaca. O velório será neste sábado (13), a partir das 10h, no Cemitério Parque da Colina, no bairro de Pendotiba, em Niterói (RJ). O sepultamento está marcado para as 17h.
Nascido em Minas Gerais em 23 de março de 1937, Lauro Gomes Pinto começou sua trajetória na Rádio MEC (à época, ainda Rádio Ministério da Educação e Cultura) após uma conversa, em frente ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com Reginaldo Magalhães, seu amigo e então assessor do diretor artístico da emissora. Em tom de brincadeira, pediu a ele para produzir um programa na rádio.
Para sua surpresa, aquele momento descontraído lhe abriria as portas do rádio e, em 1974, Lauro Gomes foi admitido na Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa (FCBTVE) como técnico de Programação Radiofônica. Ao longo de mais de 40 anos, Lauro Gomes produziu inúmeros programas, além de colaborar com tantos outros em uma carreira que teve importante papel na construção da imagem que a Rádio MEC mantém junto aos ouvintes.
Na época em que começou a trabalhar na emissora, Lauro Gomes já tinha em seu currículo os cursos de interpretação e direção do Conservatório Nacional de Teatro, tendo encenado peças de Tchekhov e Oscar Wilde. Ademais, escreveu e dirigiu diversas obras, vindo a ser premiado com duas delas: O Patinho Feio e O Sapateiro do Rei. O primeiro desafio, logo nos seus primeiros anos de emissora, foi organizar a programação da Rádio MEC, buscando uma identidade própria para a emissora – identidade que perpassou por sua paixão pela música, tanto a clássica quanto a popular.
No final dos anos 1970 e início da década seguinte, Lauro Gomes voltou-se para o audiovisual, chegando a roteirizar, a convite de Aylton Escobar, os programas Escala e Opus da TV Educativa do Rio de Janeiro. Naquela ocasião, ele assumia dois cargos, sendo um na Rádio MEC e outro na TVE.
Com a necessidade de optar por um dos meios, Lauro Gomes se inclinou para a televisão, pois percebeu que o veículo representaria novos desafios a um profissional que já havia feito de tudo no rádio. Ele, no entanto, foi surpreendido pela insistência de Heitor Salles em tê-lo no quadro da Rádio MEC. A emissora começava a expandir sua transmissão e Lauro Gomes foi escolhido para assumir a direção da nova Rádio MEC FM.
Com a dissolução do Ministério da Educação e Cultura, o nome da emissora passou a ser questionado, uma vez que o vínculo entre o nome da rádio e um ministério que não existia perdeu seu sentido. Na contramão deste movimento, Lauro Gomes optou por ressignificar a sigla MEC, rebatizando a emissora de Rádio Música, Educação e Cultura.
Ainda nos anos 1980, Lauro Gomes assumiu a produção de um dos mais antigos programas radiofônicos do país: Música e Músicos do Brasil. Importante marco da radiofonia brasileira, o programa está no ar há mais de 70 anos, praticamente metade deles sob a batuta de Lauro Gomes. Nele, o produtor e apresentador abriu espaço para a divulgação do trabalho de vários musicistas, desde os mais consagrados até aqueles que iniciavam suas carreiras.
Já nos anos 2000, produziu diversos ciclos de programas em homenagem a grandes nomes da música clássica brasileira, incluindo Guiomar Novaes, Francisco Mignone, Nelson Freire e Bidu Sayão, que foi entrevistada por ele em 1987.
No início de 2020, antes da pandemia do novo coronavírus, Lauro Gomes foi o primeiro convidado a participar do projeto Memória Rádio MEC, uma parceria da emissora com a Gerência de Acervo da EBC que busca sabatinar seus antigos profissionais a fim de resgatar histórias que ajudem na construção da memória do veículo, o mais antigo da EBC.
A EBC publicou uma nota de pesar pela morte de Lauro Gomes em que presta condolências aos amigos e familiares e destaca a importância do radialista e produtor para a Rádio MEC.
* Informações do Acervo/EBC
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